Sindverdade em Brasília: Preocupação é que a empresa Azaléia continua demitindo em grande escala

Depois de fechar todos as suas filiais que funcionavam em cidades da região, a Vulcabras|azaleia está operando apenas em Itapetinga na fábrica-sede. Segundo denúncias do próprio Sindicato de Verdade – que representa os funcionários da empresa, a empresa continua demitindo em grande escala. A perda dos importantes postos de trabalho causa preocupação não apenas ao Sindicato da classe e aos que ainda continuam trabalhando, mas se transformou em uma grande preocupação regional.No último dia 5 de fevereiro, representantes do Sindverdade estiveram participando de uma reunião em Brasília, onde o assunto voltou a ser abordado. James Alves, diretor presidente e o advogado Bráulio Ferraz, representavam o Sindverdade. João Batista, representante da CNTV/CUT e Cida Trajano, presidente da CNTV. Na capital federal, estiveram no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, para tratar da preocupação da entidade com a empresa Vulcabras|azaleia e a manutenção dos postos de trabalho da empresa na cidade de Itapetinga. Representaram o Governo Federal, Heloísa Regina Guimarães de Menezes – Secretária do Desenvolvimento da Produção, Márcia Blanc – representando a Secretaria Geral da Presidência, Marcos Otávio – representando o MDIC, além de técnicos do Departamento de Negociações Internacionais.

No início da audiência, o diretor sindical James Alves, assim como o advogado da entidade Bráulio Ferraz, expuseram a preocupação em relação à permanência da empresa Vulcabras|azaleia na região, traçando o panorama dos postos de trabalho a partir de outubro de 2011, quando, segundo eles, a empresa contava com 16.855 postos de trabalho (10.546 na matriz); fevereiro de 2012, quando a empresa contava com 14.142 postos de trabalho (10.180 na matriz); agosto de 2012, com 12.222 postos de trabalho (8.019 na matriz); novembro de 2012, quando a empresa contava com 11.440 postos de trabalho, e, por fim, apresentando o número da última semana de janeiro de 2013, quando a empresa apresentava apenas 7.779 postos de trabalho, todos na matriz Itapetinga. “A preocupação da manutenção dos postos de trabalho foi exposta como meta principal do Sindicato de Verdade neste ano de 2013, assim como foi solicitada uma maior atuação do Governo Federal na questão, uma vez que a cobrança da sociedade se explica pelo alto índice de financiamento da empresa por parte de agentes ligados ao Governo Federal, como o BNDES”, enfatizou James.

Por sua vez, Marcos Otávio, representando o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, informou aos presentes que “todos os incentivos possíveis foram disponibilizados à empresa, como redução do IPI e do Imposto sobre Exportações, além de outras concessões”, o que significaria dizer que o Governo Federal pouco poderia fazer em relação à atual situação da empresa.O representante da CNTV/CUT, João Batista, afirmou, com propriedade, que a empresa “deveria apresentar uma contra partida em compensação aos tantos incentivos lhes proporcionados”, assim como informou o histórico da empresa em agir de forma a “sugar esses incentivos e a mão de obra dos estados onde se instala e, sem se preocupar com a sociedade e com os trabalhadores, repentinamente esvazia a produção e se desloca para outros estados”.

A polêmica triangulação industrial


O advogado da entidade, Bráulio Ferraz, ainda apresentou números que constam nas demonstrações financeiras da empresa, assim como repassou a grande queixa da Vulcabras|azaleia, que é a entrada de calçados importados por meio da triangulação industrial, “com participação de países como Vietnã, Indonésia e Malásia, que servem para escoar a produção chinesa, segundo os diretores da empresa”, comentou Ferraz.


Sobre esse assunto, os representantes do Governo Federal afirmaram que quaisquer medidas impeditivas das importações devem partir de reclamações formais junto ao Departamento de Negociações Internacionais, órgão ligado ao MDIC, apresentando indícios e provas da “falsa origem” dos calçados importados. Continuando com sua exposição, o advogado Bráulio Ferraz ainda disse que está ocorrendo “uma verdadeira desindustrialização da região, sem que o Governo Federal e Estadual se mostrem no mínimo para dá uma explicação à sociedade”.


Indícios de transferência


O diretor sindical, James Alves, informou ainda que existem fortes indícios da transferência de linhas de produção da matriz Itapetinga para o estado do Ceará, o que significa que a empresa poderia estar enfraquecendo na região com intuito de definitivo encerramento das atividades, com manifesto deslocamento de toda a produção.


Os representantes do Governo Federal afirmaram que será iniciado um processo de investigação, junto mesmo com o Governo do Estado da Bahia, para buscar da empresa uma resposta sobre os indícios levantados pelo representante dos trabalhadores.


Ao encerramento da reunião os representantes do Governo Federal se comprometeram a entrar em contato com o Governo do Estado da Bahia, especialmente com o Secretário da Indústria e Comércio, James Correa, para envolver o estado no assunto tão delicado, que é a manutenção da empresa e dos postos de trabalho na Bahia, em especial na cidade de Itapetinga.


Para o Sindicato de Verdade, a reunião ocorrida em Brasília serve para trazer ao assunto – Vulcabras|azaleia – “o próprio Governo Federal, o Governo Estadual e, por correlato, os Governos Municipais. Também já foi encaminhada solicitação de reunião na capital do Estado, junto ao parlamentar Rosemberg Pinto, para serem colocados todos os pontos abordados pela entidade para parlamentares estaduais, federais e o próprio Governo do Estado. O Sindverdade mostra que está agindo em defesa da manutenção dos postos de trabalho, e mais do que nunca necessita do apoio dos trabalhadores e trabalhadoras, além de toda a sociedade de Itapetinga e municípios vizinhos nesta luta que se aproxima” – completou o diretor presidente do Sindverdade, James Alves.

Jornal Dimenssão