A proposta que garante aos trabalhadores
domésticos 17 novos direitos, de forma a igualar a realidade desses
trabalhadores com a dos demais empregados, foi aprovada nesta
terça-feira, 19, em primeiro turno, em votação no plenário do Senado.
Essa é a primeira etapa de votação que, por se tratar de uma Proposta de
Emenda à Constituição (PEC), ainda precisa passar por um segundo turno
de votação, agendada para a próxima semana, e ser promulgada em sessão
do Congresso Nacional.
Pela unanimidade de 70 votos favoráveis,
os senadores confirmaram o texto aprovado em dezembro na Câmara dos
Deputados, sem grandes discussões e debates, por se tratar de uma
matéria de consenso na Casa. A proposta estabelece regras como jornada
de trabalho diária de oito horas e 44 horas semanais, pagamento de hora
extra no mínimo 50% à hora normal, e garantia de salário no valor, pelo
menos, do mínimo. Os direitos vão se somar aos já existentes como 13º
salário, e descanso semanal.
Apesar de representar avanço, sete dos
17 itens ainda precisam ser regulamentados antes de a proposta entrar em
vigor. Nessa condição estão o direito ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), hoje facultativo, o seguro contra acidentes de trabalho,
o seguro-desemprego, a obrigação de creches e de pré-escolas para
filhos e dependentes até seis anos de idade, o salário-família, o
adicional noturno e a demissão sem justa causa.
Os
senadores também deram aval à emenda de redação acatada na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, de autoria de Paulo Bauer
(PSDB-SC), que assegura a concessão de licença à gestante para as
trabalhadoras do setor sem depender de edição de lei ordinária após
promulgação de emenda constitucional. Por ser emenda de redação,
regimentalmente a matéria não precisará ser votada novamente pela Câmara
dos Deputados.
Empregadores
Uma das grandes preocupações para os
patrões é o aumento de custos que a aprovação da PEC vai gerar. Embora a
favor da emenda, a ONG Doméstica Legal critica a aprovação do texto sem
especificar redução de custos para o empregador. O presidente da
instituição, Mario Avelino, acompanhou toda a tramitação da matéria e
voltou a defender a redução da contribuição patronal ao INSS, hoje de
12%, para 4%. Segundo ele, sem essa economia aos empregadores, existe um
risco de demissão de até 815 mil empregadas domésticas.
Durante as votações da proposta,
senadores se revezaram ao microfone para elogiar a aprovação da matéria,
classificando-a até de “segunda abolição”. “Estamos devendo isso ao
trabalho doméstico no Brasil, nós temos 25 anos tentando estender
direitos aos trabalhadores urbanos e rurais aos domésticos”, afirmou a
senadora Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da proposta na CCJ do Senado.
“Esta Casa está acabando com os trabalhadores de primeira e segunda
categoria”, afirmou o líder do governo no Congresso, senador José
Pimentel (PT-CE).
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