Pois bem, não vou ater-me hoje sobre as verdadeiras condições da educação municipal de Itapetinga, cuja merenda escolar demora semanas para começar a ser distribuída após o início das aulas, constando como fornecida por duzentos dias/ano na prestação de contas ao FNDE, também não sobre o descumprimento sistemático dos dias letivos do calendário escolar, não falarei ainda sobre a perseguição aos professores obrigados a “olhar” recreio de alunos durante seu momento de descanso estando a secretaria entulhada de prestadores e parentes de dirigentes, ainda não me reportarei ao exagero de cobrança a que estão sendo submetidos os professores quanto ao cumprimento da sua carga horária, professores concursados com mais de vinte anos de docência submetidos à atuação de “inspetor de carga horária” enquanto ocupantes de cargos de confiança lotados na secretaria de educação, no ar condicionado, sem dar expediente às sextas-feiras à tarde, chegam e saem a hora que querem, quando querem, entre outras questões importantes que terão seu merecido enfoque no momento oportuno.
A minha passagem por aqui hoje é apenas para informar e a partir daí cada um que tire suas próprias conclusões. Nunca na história republicana a educação municipal contou com os recursos que possui hoje. O que está faltando, infelizmente na maioria dos municípios é a conversão de dinheiro em qualidade. A Secretaria Municipal de Educação de Itapetinga, por exemplo, recebeu em 2012 mais de 32 MILHÕES DE REAIS, juntando os recursos do FUNDEB, FNDE e próprios. SÓ NO MÊS DE DEZEMBRO FORAM MAIS DE TRÊS MILHÕES RECEBIDOS APENAS DO FUNDEB (veja quadros a seguir). Dentro dessa dinheirama descobrimos com surpresa algumas verbas carimbadas cuja destinação precisa ser urgentemente divulgada como R$ 100 mil para quadras poliesportivas, R$ 560 mil para apoio à infância e R$ 116 mil para apoio à educação infantil. Para onde está indo todo esse dinheiro se até os salários dos professores que sempre foram pagos até o dia 30 estão demorando pelo menos uma semana depois da virada do mês, e como todos sabem, pelo menos 60% desse dinheiro (18 milhões) deve ir obrigatoriamente para o pagamento dos professores?
Ora, quem quiser saber onde o dinheiro está indo, desde maio passado pode requisitar as pastas de prestação de contas ao prefeito que ele é obrigado a disponibilizar em até dez dias. Mas o volume é muito grande, a fiscalização consome tempo que não dispomos e muitas vezes conhecimentos que não possuímos. E como existem representantes que foram eleitos para isso, acabamos por desistir de passar por esse transtorno. Se não bastasse, quando fiscalizamos e denunciamos aos órgãos competentes os processos levam anos de gaveta em gaveta, beneficiando aos infratores.


Vou ficar por aqui nas conjecturas sobre o uso dessa montanha de dinheiro. Cada um que tire as suas conclusões. Vamos agora à boa notícia. A Secretaria Municipal de Educação de Itapetinga recebeu no dia de ontem, o Ofício-Circular n° 18/2013 – DIGEF/FNDE/MEC (anexo), que determina o comparecimento ao Banco do Brasil, para providências que permitirão a todos nós pobres mortais, cuja família não recebe mais de vinte mil reais mensais da prefeitura, identificar a destinação (isso é muito bom) e a finalidade de todos os pagamentos realizados com os milhões do FUNDEB.
Pronto! Agora não terão mais desculpas aqueles que querem fiscalizar, mas não querem se indispor com os poderosos chefões. Está esperando o que para exercer a cidadania? Falta de conhecimento? Então baixe a cartilha com orientações básicas de como fiscalizar os recursos da educação: http://www4.tce.sp.gov.br/sites/default/files/2007_aplicacao-de-recursos-no-ensino.pdf
Até a próxima.
Prof. Geraldo Trindade
3 comentários:
Sai de Itapetinga há 12 anos e hoje moro em Guarapari-ES e acompanho os blogs e sites que veiculam notícias da região, concordo com o ilustre professor quando alerta a comunidade sobre a necessidade de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, mas não entendi a sua colocação em relação a questão da carga horária dos professores. Será exagero cobrar do empregado o cumprimento de sua carga horária de trabalho?Que empresa ou Prefeitura não tem feito isso?Os funcionarios não recebem pelo horário que eles trabalham?Deixar de cumprir a carga não seria além de falta de respeito com os clientes (alunos) e negar a eles o direito ao atendimento previsto em lei? O correto não seria cobrar dos demais funcionários ou cargos ao qual o senhor se refere o cumprimento também de sua jornada de trabalho? Um erro não justica outro.Sinceramente como funcionário de uma impresa privada, entendo que o cumprimento de horário de trabalho é obrigação e não perseguição.
Marcos Silva
Gerente de Recursos Humanos
Parabéns para Marcos Silva pela observação feita. O autor do texto acima ja foi secretario de educação e no seu tempo não conseguia tanto recurso para a educação. E alias sua esposa que é efetiva como PROFESSORA se ocupa em que mesmo? Não quer voltar para a sala de aula porque mesmo? Recebe SALARIO do FUNDEB que deveria ser so para professor em sala de aula, mas ela corre da sala de aula. Ora, senhor, eu sou oposição tanto quanto o senhor, mas estou em outro grupo de oposição. E o senhor está reclamando do mal exemplo dos outros e nao corrige o mal exemplo de casa. outro dia ouvi pelos corredores onde sua esposa trabalha que mandou o senhor ir na secretaria pedir para que ela nao voltasse pra sala de aula.. ahhhhh.. me poupe com esse falso engajamento democrático que defende o seu lado. Pense no povo, senhor!
Assinado: Nalva Dias
Parabens para Marcos Silva e Nalva Dias.
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